quarta-feira, 8 de julho de 2009

Relatório da oficina introdutória do Gestar II

Pólo: Nova Marabá, São Félix e Morada Nova
Disciplina: Língua Portuguesa
Formadora: Cleuzeni Santiago da Silva

No dia 24 de junho de 2009, realizamos a oficina introdutória do Gestar II de Língua Portuguesa do pólo Nova Marabá (6 escolas: EMEF. Rio Tocantins; EMEF. Salomé Carvalho; EMEF. Jonathas Pontes Athias; EMEF. Odílio da Rocha Maia; EMEF. Felipa Serrão Botelho; EMEF. Cisne Branco), São Félix (4 escolas: EMEF. Julieta Gomes Leitão; EMEF. Manoel Cordeiro Neto; EMEF. Nossa Senhora de Fátima; EMEF. São Félix) e Morada Nova (1 escola: EMEF. Pedro Peres Fontenelle), na Universidade Aberta do Brasil (UAB), localizada nas dependências da Secretaria Municipal de Educação, Agrópolis do INCRA, Cidade Nova – Marabá/PA.
Gostaria de registrar que os cursistas da escola de Morada Nova, Pedro Peres, não participaram desta oficina, em função das atividades de encerramento do semestre na escola. Na véspera, a coordenadora pedagógica da escola enviou um ofício à coordenadora do Departamento de Programas e Projetos, informando que não seria possível a participação dos professores da referida escola, mas garantiu que nos próximos encontros eles participarão integralmente. A vice-diretora da escola esteve no local de realização da oficina e pediu para levar os materiais do encontro para os professores. Então, entreguei a ela a pauta do encontro, os encaminhamentos e o roteiro de entrevista para construção do perfil dos cursistas (um exemplar para cada professor). Esclareci a ela que os professores deveriam se dirigir à Secretaria de Educação para receberem o kit do material do programa. Eu e a formadora de Matemática estamos pensando de, no início do mês de agosto, irmos até a escola realizar um acompanhamento para orientação e esclarecimentos de dúvidas, visto que eles (os cursistas) perderam o momento inicial, importantíssimo para o conhecimento do programa e para o entendimento de seu funcionamento.
Iniciamos (eu, Cleiry e Seane) o encontro às 8 horas com a distribuição do material do programa aos cursistas e formação das turmas. No ato de recebimento, os cursistas assinaram um documento, no qual constava o nome da escola em que trabalham, o nome dos cursistas, o vínculo empregatício e a carga horária de trabalho, e se comprometeram em fazer bom uso e zelar pela conservação do material.
Após a entrega do material, já na sala, com minha turma, às 9 horas, realizei a abertura do encontro dando as boas vindas aos cursistas, explicando que estávamos ali reunidos para darmos início aos estudos do programa Gestão da Aprendizagem Escolar (Gestar II) e apresentando um slide show “Educar”, que exibe fragmentos de textos de Rubem Alves. Na sequência, tecemos alguns comentários referentes aos slides, que abordavam a questão do educar para o olhar.
Em seguida, encaminhei o momento da apresentação dos cursistas, orientando para que escrevessem numas tarjetas o que compreendiam por Formação Continuada. Os cursistas se apresentaram dizendo nome, escolas em que trabalham, de onde vieram, alguns disseram quanto tempo atuam no magistério, falaram ainda, brevemente, das alegrias, angústias, desafios, entraves que encontramos no exercício de nossa profissão docente e também expressaram suas compreensões a respeito de Formação Continuada. Algumas das opiniões expressas sobre Formação Continuada: “A formação continuada é um meio de ampliarmos nossos conhecimentos de maneira sistematizada tanto na prática quanto na teoria”; “A formação continuada é um ‘curso’ no qual os professores estarão aprimorando os seus conhecimentos e tentando aplicá-los na sala de aula”; “Educação continuada: É um eterno aprender, se você pára os seus conhecimentos, você acha que já aprendeu tudo, quando na verdade o aprender se renova a cada dia”; “Troca de experiências”; “Formação continuada é um meio que os profissionais da Educação encontraram para estarem acompanhando as mudanças que ocorrem no mundo contemporâneo”; “[...] é um momento oportuno para se refletir, questionar, avaliar, repensar nossa metodologia de ensino numa troca de experiências vividas no cotidiano escolar, troca de informações, leituras... entre formadores e professores e vice-versa com objetivo de provocar, promover transformações da prática docente com vista ao aprimoramento do ensino”; “[...] é um avanço na qualidade do ensino. É uma forma de atualização e ampliação de conhecimento, renovação das expectativas, dos sonhos”. No geral, todas as compreensões foram bastante pertinentes, embora, na fala de alguns, tenha apresentado também críticas à forma com que algumas formações foram pensadas e desenvolvidas, à política de Educação do MEC, apontando, na opinião deles, algumas incoerências na execução dessa política. Citaram, por exemplo, os mecanismos/instrumentos de avaliação da Educação no âmbito nacional, como Provinha Brasil, Prova Brasil, dentre outros, que, segundo alguns, não consideram as realidades e/ou especificidades locais e, em alguns casos, os resultados são “maquiados”, isto é, não condizem com a realidade. Outros disseram que a educação mudou e não melhorou, ao contrário, piorou, principalmente, em função de algumas “facilidades” que o próprio sistema criou. Citaram como exemplos dessas “facilidades” a dependência, duas recuperações no ano, dentre outros, que, na opinião deles, só facilitam as coisas para o aluno, e reforça o desinteresse do aluno por estudar, pois este acha que, se dedicando ou não aos estudos, vai “passar” de qualquer maneira. Ressaltaram a importância dessa formação continuada – Gestar II –, falaram do quanto ela era aguardada, visto que, nos últimos anos, este segmento – 6º ao 9º anos – não foi contemplado com formação continuada para professores; dentre outras questões abordadas.
Ouvi todas as questões pontuadas e, ao final, disse que estava feliz por perceber que a compreensão da maioria sobre formação continuada estava de acordo com o que se tem discutido a este respeito e também com a concepção de formação continuada do programa. Apresentei um fragmento (em slides) de uma reportagem (de capa) da revista Aprendizagem (ano 1, nº 2, set/out de 2007, p. 17) sobre Formação Continuada de Professores e também a concepção do Programa (Guia Geral, p. 14). Fiz algumas intervenções em relação a algumas questões levantadas. Falei que era normal que, num momento em que nos reunimos, visto ser raros estes momentos, que coloquemos nossas angústias, nossas aflições, nossas expectativas etc., mas que precisávamos refletir sobre algumas falas, por exemplo, a respeito de acharmos que a Educação mudou e não melhorou. Disse que não só a Educação mudou, como também a família, a sociedade e que a Educação mudou em função disso e de outras concepções de ensino-aprendizagem que temos discutido e tentado implementar em nossas práticas nas escolas. E sobre algumas falas de que antigamente se aprendia e que, hoje, devido às facilidades criadas, o aluno não aprende mais, questionei e chamei para refletirmos a respeito de como era o ensino, de que maneira se aprendia e o que se aprendia. Coloquei que, apesar de ter consciência que muita coisa precisa melhorar, já conseguimos ver em nossas práticas mudanças positivas, práticas de leitura e de escrita que apontam para outra perspectiva de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. Disse que ficava feliz, por exemplo, ao ver, hoje, nossos alunos produzindo bons textos, o que quase não se via no ensino-aprendizagem do tempo em que fizemos o ensino fundamental. Com relação às colocações, críticas à política nacional de educação, disse que, de fato, muita coisa precisa melhorar, para que esta política seja melhor implementada. Mas, de alguma forma, em alguns aspectos, ela vem sendo viabilizada, seja através dos investimentos em recursos, em formação dos professores, seja também através dos mecanismos/instrumentos de avaliação da educação, como os citados. Sobre estes, destaquei que mantêm coerência com os PCN, com as formações que o Governo Federal tem ofertado aos professores. Citei como exemplo a Provinha Brasil, cujas habilidades cobradas estão de acordo com as orientações gerais, com o que se tem trabalhado nas formações já ofertadas, PROFA, PCN e Gestar I. Alguns cursistas também fizeram outras intervenções. Encerramos este momento, dizendo que não estávamos encerrando a discussão que ela continuaria nos próximos encontros e em outros espaços também.
Fizemos um breve intervalo e, no retorno, realizamos a construção dos Acordos e Vínculos. Ficou acordado, para o bom andamento do programa, que: com relação ao horário, seremos pontuais, com tolerância de 15 minutos; os intervalos serão de 15 minutos; respeitaremos e garantiremos a fala do outro; evitaremos as conversas paralelas; manteremos o celular no silencioso e atenderemos fora da sala; todos deverão participar e cumprir as atividades a serem realizadas a distância. Os cursistas reivindicaram lanche e os de São Félix, pensando também nos de Morada Nova, reivindicaram almoço, pois eles moram mais distantes, precisam pegar dois ônibus para virem e dois para voltarem e mais dois para irem para o almoço (além de terem que pagar o almoço, visto não ser possível irem almoçar em suas casas). Outra sugestão foi a mudança do local de realização dos encontros. Na opinião deles, os encontros poderiam ser sediados em São Félix ou Morada Nova. Esclareci que na turma não participam apenas cursistas de São Félix e Morada Nova, mas participam também cursistas da Nova Marabá (seis escolas). Assim, acreditamos que a melhor alternativa é viabilizarmos o almoço para estes cursistas. Anotei estas reivindicações/sugestões e fiquei de verificar, junto às pessoas competentes (Coordenadora do Departamento, Diretor de Ensino e o próprio Secretário de Educação), sua viabilidade ou não.
Construídos os acordos, entreguei um roteiro de entrevista e orientei os cursistas para seu preenchimento. O objetivo com este roteiro era coletar dados para a construção do perfil dos cursistas.
Às 12 horas, encerramos o estudo pela parte da manhã e saímos para o almoço.
No retorno do almoço, reiniciamos às 14 horas e 15 minutos, com a apresentação (através de slides) e discussão de alguns pontos relevantes do Guia Geral do Programa. Faziam parte desta apresentação os seguintes pontos: os parceiros do programa; a caracterização, a modalidade e as ações integrantes do Gestar II; o sistema de avaliação do programa e certificação dos cursistas; o objetivo geral do Gestar II de Língua Portuguesa; a ementa do programa; a estrutura dos Cadernos de Teoria e Prática; os atores do programa; os direitos e deveres do professor cursista; atribuições e responsabilidades do diretor, do coordenador pedagógico e do formador; o material e a carga horária do programa e, para finalizar, algumas considerações. Cada ponto foi discutido e as dúvidas esclarecidas.
Fizemos um intervalo para o lanche.
Ao retornarmos à sala, dando sequência à pauta, entreguei aos cursistas algumas orientações (xerocadas) a respeito dos estudos e atividades que eles realizarão a distância, das oficinas e da construção do portifólio. Os cursistas reclamaram um pouco e ficaram bastante preocupados com relação aos estudos e atividades que terão que realizar a distância. Eles acham que é muito trabalho, principalmente levando em consideração a extensa carga horária de trabalho que possuem. Questionaram se eles terão tempo, dentro da carga horária de trabalho, para a realização destes estudos. Chamaram atenção para um ponto das atribuições e responsabilidades do diretor e do coordenador pedagógico, no qual se lê: “Organizar os horários de estudo dos professores” (Guia Geral, pág. 54). Questionaram se isto não significaria que os estudos seriam realizados na escola, no horário de trabalho. Esclareci que esta seria a situação ideal, mas como aqui em nosso município ainda não conseguimos garantir legalmente, em nosso PCCRM, uma carga horária extra, que não seja em sala de aula, para realizarmos nossos planejamentos, formações (em serviço) etc., o que está garantido, até o momento, é que os encontros presenciais serão realizados dentro da nossa carga horária de trabalho (posto que acontecerão em dias letivos). Quanto aos estudos e atividades a distância, o que sabemos, é que terão que ser realizados a distância, individualmente ou em pequenos grupos. Mas disse que os diretores e coordenadores pedagógicos poderiam ajudá-los nesta tarefa, discutindo e verificando formas de viabilização destes estudos. Disse ainda que a luta para que conquistemos um percentual em nossa carga horária de trabalho para realizarmos nossa formação continuada, em serviço, tem que ser nossa, visto sermos nós que sentimos, na prática esta necessidade.
Após essas orientações, realizamos a dinâmica do envelope da linguagem, como forma de introdução, de antecipação da temática do TP3. Na dinâmica, os cursistas, divididos em três grupos, receberam um envelope, no qual continha várias produções (revistas, jornais, folders, cartazes, revistas em quadrinhos e vários gêneros textuais). Eles deveriam separar e agrupar essas produções, utilizando-se para isto algum critério.
Na socialização, ficou claro que os grupos utilizaram vários critérios para agrupar as produções (por gêneros; por espaços por onde podem circular determinados gêneros textuais-discursivos; por meio da análise da mensagem dos textos; observando os termos técnicos usados; considerando os recursos visuais.). Após as exposições dos grupos, fiz algumas intervenções, dizendo que, de fato, é possível agruparmos os textos por meio de vários critérios, como os utilizados pelos grupos e que o objetivo da dinâmica era verificar o conhecimento prévio deles a respeito da temática do TP3, bem como antecipar algumas questões que serão estudadas e discutidas neste TP. Disse ainda que, nos momentos de estudos a distância e nos encontros, em que estaremos trabalhando com este TP, teríamos oportunidade de retomar, ampliar a discussão a respeito dessas questões e desfazer alguns equívocos.
Para encerrar o encontro, reforcei os encaminhamentos, que se encontravam na pauta e já havia falado a respeito na parte da manhã, no momento da leitura da pauta, a saber: ler e responder as duas primeiras unidades do TP3, incluindo o Ampliando nossas Referências; realizar um Avançando na Prática e a Lição de Casa.
Participaram da oficina, pela parte da manhã, vinte e oito (28) cursistas, sendo: sete coordenadoras pedagógicas; duas diretoras (os diretores (as) também foram convidados (as), via ofício, para participarem desta primeira oficina, objetivando conhecerem o programa, saber de suas atribuições e responsabilidades) e dezenove professores (as). No turno da tarde, participaram vinte e um (21) cursistas, sendo: cinco coordenadoras pedagógicas (as mesmas que participaram no turno da manhã, exceto duas) e dezesseis professores (as). Estava prevista a participação de, mais ou menos, quarenta cursistas (considerando professores (as) e coordenadores (as) pedagógicos (as)). Acredito que a ausência de muitos foi devido ao período de encerramento do primeiro semestre letivo nas escolas e também porque muitos professores não trabalham apenas na rede municipal de ensino, trabalham também na rede estadual e em escolas particulares.
Enquanto formadora acredito que o encontro transcorreu dentro do esperado, embora a presença não fosse maciça, pois faltaram tanto diretores e coordenadores pedagógicos, bem como professores (as). No entanto, a participação dos presentes foi boa, questionando, tirando dúvidas, sugerindo, reivindicando, dando opiniões, colocando suas limitações, experiências etc. Penso que se pudermos atender as reivindicações, sugestões dos cursistas estaremos contribuindo para o bom andamento do Programa em nosso município.

Marabá-PA, 29 de junho de 2009.

Cleuzeni Santiago da Silva
Professora-formadora de Língua Portuguesa do Gestar II

Nenhum comentário:

Postar um comentário